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terça-feira, 20 de agosto de 2013

AS DUAS FACES

Brasil, país localizado na América do sul constituído por 26 estados federados, possuidor de um território vastíssimo, a quinta maior área territorial do mundo. Cerca de sessenta por cento do ainda chamado pulmão do mundo, a floresta amazónica, encontra-se no interior do seu território. Este país, a 9ª maior economia do mundo pertence ao BRIC, (Brasil, Rússia, Índia e China), países emergentes caracterizados por situações económicas e políticas estáveis, grandes reservas de recursos naturais, PIB com elevado crescimento e grandes entradas de capitais estrangeiros. No seio deste riquíssimo país e nos seus cerca de 190 milhões de habitantes, existem no entanto duas pessoas que se distinguiram pela forma como contribuíram para divulgação de um personagem da BD italiana.


O mocinho do Brasil, livro da autoria de Gonçalo Júnior [1], publicado pela editora Laços em 2009. Este livro aborda o percurso de Tex willer no Brasil, foi lançado após o personagem ter completado 60 anos de existência. De formato de 16 por 23 centímetros, com capa cartonada com orelhas, este livro possui 208 páginas e encontra-se dividido em oito capítulos e um anexo.
Os primeiros quatro capítulos são dedicados às editoras que publicaram Tex no Brasil, um por cada editora, desenvolvendo não só a evolução do personagem na sua passagem por cada editora, mas também dos outros personagens Bonelli, explicando as razões da publicação de cada um deles e as ligações dos editores brasileiros à Casa italiana. O 5º capítulo é todo ele dedicado à história que o autor considera a melhor de Águia da Noite, a primeira desenhada por Ferdinando Fusco e escrita por Guido Nolitta, que o impressionou ao ponto pesquisar sobre a construção da história e entrevistar o próprio Sérgio Bonelli, (entrevista também ela publicada neste capítulo). O sexto capítulo aborda o plágio nas revistas de banda desenhada, em pormenor, a história de Tex que foi plagiada: Caçada humana. O sétimo, dedicado a Chet, personagem criado por dois brasileiros, os irmãos Portela. O último capítulo, bastante interessante para os coleccionadores mais novatos, compila numa listagem, todas as edições de Tex publicadas no Brasil, com indicação da editora, colecção, ano e mês de publicação. O anexo é um caderno colorido com todas as capas da revista Junior, a primeira revista a publicar Tex no Brasil na década de cinquenta sob o formato de tiras.

Tex no Brasil, livro publicado pela editora Sal da terra também em 2009,  de autoria de G.G. Carsan [2]. Esta publicação apresenta-se em 300 páginas, dividida em 29 capítulos, 6 anexos e um prefácio de Gervásio Santana Freitas. Dos capítulos destacam-se os dedicados aos parceiros, inimigos, mulheres, criadores, roteiristas e desenhadores. Apesar do titulo do livro, apenas dois capítulos são dedicados à passagem do herói pelo Brasil: O XII, Da editora às bancas e o XIII, Tex no Brasil.

Estas duas obras têm um objectivo comum: Abordar o sucesso editorial de Tex willer no Brasil. No entanto e apesar disso, existem mais pontos que os distinguem do que aqueles que possuem em comum.
A obra de Gonçalo Júnior foca-se quase exclusivamente nesse objectivo. Em cada capitulo o assunto abordado é dissecado ao pormenor ao longo das páginas que lhe são dedicadas, contribuindo para que o leitor tenha uma percepção muito abrangente do ocorrido. Se o livro, O mocinho do Brasil é muito focado no objectivo, o mesmo não se passa com o de G.G. Carsan, que é bastante divergente. Em Tex no Brasil, o autor prefere explanar todo o universo texiano, construindo uma obra que é um autêntico manual para iniciantes na saga do personagem.

Da obra de Gonçalo Junior gosto particularmente do desenvolvimento que o autor consegue nos primeiros 4 capítulos em que nos descreve a história de cada uma das editoras, explicando as razões do sucesso e do fracasso. A explicação da opção da publicação de Tex e dos outros personagens Bonelli e a ligação da família Vecchi a Itália. O anexo, é outro dos pontos altos! Para os coleccionadores é a cereja no topo do bolo, o caderno colorido das 277 capas da revista Júnior.

Relativamente à publicação de G.G. Carsan, o mais interessante não é tanto a abordagem do autor à existência de Tex no Brasil. Este livro torna-se especialmente interessante por ser mais abrangente, por explanar todo o universo texiano, nesse aspecto chamo particular atenção aos capítulos dedicados aos criadores, roteiristas e desenhadores em que o autor apresenta-os e descreve a relação destes com o personagem e as principais histórias em que estiveram envolvidos, revelando um trabalho minucioso de pesquisa. Os capítulos dedicados aos parceiros, amigos e inimigos também são bastante interessantes. O capítulo XV dedicado aos episódios, pequena descrição de todas as histórias publicadas na série mensal brasileira até ao nº 474. Os anexos 4 e 5, com os rostos do personagem efectuado pelos desenhadores que trabalharam esporadicamente na série e o anexo 6 com a listagem de histórias da edição mensal brasileira com a indicação do desenhador, (pena não ter incluído o escritor), são outros pontos de destaque da obra, principalmente para os leitores mais jovens.

Outro ponto em que as duas obras divergem é na linguagem utilizada! Gonçalo Júnior utiliza uma linguagem mais formal, apesar de ser fã do personagem o autor mantém-se distante revelando profissionalismo. G.G. Carsan pelo contrário, não consegue disfarçar a proximidade utilizando uma linguagem mais corrente, mais emotiva.

Se avaliarmos as obras ao nível do suporte físico, o livro da editora Laços está melhor concebido, de formato ligeiramente maior, com melhor encadernação sendo a capa com orelhas o aspecto que mais se destaca. Tex no Brasil por seu lado possui um detalhe que o torna apetecível para os coleccionadores e que não é muito usual: As edições são todas numeradas de 1 a 1000.

As duas obras são como duas faces da mesma moeda, o assunto desenvolvido é o mesmo, no entanto, a diferente forma de abordagem efectuada pelos autores, um cingindo-se ao assunto e o outro divergindo. O primeiro o profissional e o segundo, o fã, fazem com que sejam complementares e não redundantes. Assim, apesar de toda a informação disponível na Internet, contributo dos mais destacados texianos, mais precisamente no Portal Tex Brasil e no Blogue do Tex, estes dois cidadãos brasileiros conseguiram, através das suas obras, contribuir de uma forma distinta para a divulgação do Tex no Brasil, com 2 livros que merecem estar nas colecções de todo o texiano.


NOTA: Atendendo que as tiragens de cada edição são de apenas 1000 exemplares e que são edições dedicadas a coleccionadores e não a leitores, não é difícil de prever, que estas edições uma vez esgotadas serão muito difíceis de encontrar, e as que se encontrarem à venda deverão atingir preços exorbitantes, pelo que os interessados devem desde já pensar em garantir o seu exemplar.
  
[1] - Gonçalo Júnior nasceu em Guanambi, Bahia, em 1968. Jornalista e pesquisador de artes gráficas, principalmente de quadrinhos. Vive em são Paulo desde 1997 onde trabalhou no jornal Gazeta Mercantil. Autor de diversos livros entre os quais: Claustrofobia, Guerra dos gibis, Tentação à italiana, entre outros. È fã do personagem possuindo quase todas as colecções completas e 3 exemplares da edição nº1 que guarda religiosamente.


[2] - Geraldo Guilherme de Carvalho Santos (G.G.Carsan), nascido no Rio d Janeiro em 1965, formado em administração de empresas, fotógrafo e webdesign, trabalha actualmente na área da comunicação. Iniciou-se na leitura de Tex desde tenra idade, começou a coleccionar no nº 65 da edição brasileira, A flor da morte e nunca mais parou. 

Fontes: 
Tex no Brasil – Editora: Sal da Terra
Tex, o mocinho do Brasil – Editora: Laços

PS: Texto publicado inicialmente no blogue do Tex em 28 de Junho de 2012


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