Brasil,
país localizado na América do sul constituído por 26 estados federados,
possuidor de um território vastíssimo, a quinta maior área territorial do
mundo. Cerca de sessenta por cento do ainda chamado pulmão do mundo, a floresta
amazónica, encontra-se no interior do seu território. Este país, a 9ª maior
economia do mundo pertence ao BRIC, (Brasil, Rússia, Índia e China), países
emergentes caracterizados por situações económicas e políticas estáveis,
grandes reservas de recursos naturais, PIB com elevado crescimento e grandes
entradas de capitais estrangeiros. No seio deste riquíssimo país e nos seus
cerca de 190 milhões de habitantes, existem no entanto duas pessoas que se
distinguiram pela forma como contribuíram para divulgação de um personagem da
BD italiana.
O mocinho do
Brasil, livro da autoria de Gonçalo Júnior [1], publicado pela editora Laços em 2009. Este
livro aborda o percurso de Tex willer no Brasil, foi lançado após o personagem
ter completado 60 anos de existência. De formato de 16 por 23 centímetros, com
capa cartonada com orelhas, este livro possui 208 páginas e encontra-se
dividido em oito capítulos e um anexo.
Os
primeiros quatro capítulos são dedicados às editoras que publicaram Tex no
Brasil, um por cada editora, desenvolvendo não só a evolução do personagem na
sua passagem por cada editora, mas também dos outros personagens Bonelli,
explicando as razões da publicação de cada um deles e as ligações dos editores
brasileiros à Casa italiana. O 5º capítulo é todo ele dedicado à história que o
autor considera a melhor de Águia da Noite, a primeira desenhada por Ferdinando
Fusco e escrita por Guido Nolitta, que o impressionou ao ponto pesquisar sobre
a construção da história e entrevistar o próprio Sérgio Bonelli, (entrevista
também ela publicada neste capítulo). O sexto capítulo aborda o plágio nas
revistas de banda desenhada, em pormenor, a história de Tex que foi plagiada:
Caçada humana. O sétimo, dedicado a Chet, personagem criado por dois
brasileiros, os irmãos Portela. O último capítulo, bastante interessante para
os coleccionadores mais novatos, compila numa listagem, todas as edições de Tex
publicadas no Brasil, com indicação da editora, colecção, ano e mês de
publicação. O anexo é um caderno colorido com todas as capas da revista Junior,
a primeira revista a publicar Tex no Brasil na década de cinquenta sob o
formato de tiras.
Tex no
Brasil, livro publicado pela editora Sal da terra também em 2009, de autoria de G.G. Carsan [2]. Esta publicação
apresenta-se em 300 páginas, dividida em 29 capítulos, 6 anexos e um prefácio
de Gervásio Santana Freitas. Dos capítulos destacam-se os dedicados aos
parceiros, inimigos, mulheres, criadores, roteiristas e desenhadores. Apesar do
titulo do livro, apenas dois capítulos são dedicados à passagem do herói pelo
Brasil: O XII, Da editora às bancas e o XIII, Tex no Brasil.
Estas duas obras têm um objectivo comum: Abordar o sucesso editorial de
Tex willer no Brasil. No entanto e apesar disso, existem mais pontos que os
distinguem do que aqueles que possuem em comum.
A obra
de Gonçalo Júnior foca-se quase exclusivamente nesse objectivo. Em cada
capitulo o assunto abordado é dissecado ao pormenor ao longo das páginas que
lhe são dedicadas, contribuindo para que o leitor tenha uma percepção muito
abrangente do ocorrido. Se o livro, O
mocinho do Brasil é muito focado no objectivo, o mesmo não se passa com o de
G.G. Carsan, que é bastante divergente. Em Tex no Brasil, o autor prefere
explanar todo o universo texiano, construindo uma obra que é um autêntico
manual para iniciantes na saga do personagem.
Da obra de Gonçalo Junior gosto particularmente do desenvolvimento que o
autor consegue nos primeiros 4 capítulos em que nos descreve a história de cada
uma das editoras, explicando as razões do sucesso e do fracasso. A explicação
da opção da publicação de Tex e dos outros personagens Bonelli e a ligação da
família Vecchi a Itália. O anexo, é outro dos pontos altos! Para os
coleccionadores é a cereja no topo do bolo, o caderno colorido das 277 capas da
revista Júnior.
Relativamente à publicação de G.G. Carsan, o mais interessante não é tanto
a abordagem do autor à existência de Tex no Brasil. Este livro torna-se
especialmente interessante por ser mais abrangente, por explanar todo o universo
texiano, nesse aspecto chamo particular atenção aos capítulos dedicados aos
criadores, roteiristas e desenhadores em que o autor apresenta-os e descreve a
relação destes com o personagem e as principais histórias em que estiveram
envolvidos, revelando um trabalho minucioso de pesquisa. Os capítulos dedicados
aos parceiros, amigos e inimigos também são bastante interessantes. O capítulo
XV dedicado aos episódios, pequena descrição de todas as histórias publicadas
na série mensal brasileira até ao nº 474. Os anexos 4 e 5, com os rostos do
personagem efectuado pelos desenhadores que trabalharam esporadicamente na
série e o anexo 6 com a listagem de histórias da edição mensal brasileira com a
indicação do desenhador, (pena não ter incluído o escritor), são outros pontos
de destaque da obra, principalmente para os leitores mais jovens.
Outro ponto em que as duas obras divergem é na linguagem utilizada!
Gonçalo Júnior utiliza uma linguagem mais formal, apesar de ser fã do
personagem o autor mantém-se distante revelando profissionalismo. G.G. Carsan
pelo contrário, não consegue disfarçar a proximidade utilizando uma linguagem
mais corrente, mais emotiva.
Se avaliarmos as obras ao nível do suporte físico, o livro da editora
Laços está melhor concebido, de formato ligeiramente maior, com melhor
encadernação sendo a capa com orelhas o aspecto que mais se destaca. Tex no
Brasil por seu lado possui um detalhe que o torna apetecível para os
coleccionadores e que não é muito usual: As edições são todas numeradas de 1 a
1000.
As duas obras são como duas faces da mesma moeda, o assunto desenvolvido é
o mesmo, no entanto, a diferente forma de abordagem efectuada pelos autores, um
cingindo-se ao assunto e o outro divergindo. O primeiro o profissional e o
segundo, o fã, fazem com que sejam complementares e não redundantes. Assim,
apesar de toda a informação disponível na Internet, contributo dos mais
destacados texianos, mais precisamente no Portal Tex Brasil e no Blogue do Tex,
estes dois cidadãos brasileiros conseguiram, através das suas obras, contribuir
de uma forma distinta para a divulgação do Tex no Brasil, com 2 livros que
merecem estar nas colecções de todo o texiano.
NOTA: Atendendo que as tiragens de cada edição são de apenas 1000 exemplares e
que são edições dedicadas a coleccionadores e não a leitores, não é difícil de
prever, que estas edições uma vez esgotadas serão muito difíceis de encontrar,
e as que se encontrarem à venda deverão atingir preços exorbitantes, pelo que
os interessados devem desde já pensar em garantir o seu exemplar.
[1] - Gonçalo Júnior nasceu em Guanambi,
Bahia, em 1968. Jornalista e pesquisador de artes gráficas, principalmente de
quadrinhos. Vive em são Paulo desde 1997 onde trabalhou no jornal Gazeta Mercantil.
Autor de diversos livros entre os quais: Claustrofobia, Guerra dos gibis,
Tentação à italiana, entre outros. È fã do personagem possuindo quase todas as
colecções completas e 3 exemplares da edição nº1 que guarda religiosamente.
[2] - Geraldo Guilherme de Carvalho Santos
(G.G.Carsan), nascido no Rio d Janeiro em 1965, formado em administração de
empresas, fotógrafo e webdesign, trabalha actualmente na área da comunicação.
Iniciou-se na leitura de Tex desde tenra idade, começou a coleccionar no nº 65
da edição brasileira, A flor da morte e nunca mais parou.
Fontes:
Tex no Brasil – Editora: Sal da Terra
Tex, o mocinho do Brasil – Editora: Laços
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